34-Chagas na Alma

* Referência: Capítulos do Livro Seara dos Médiuns – Chico Xavier/Emmanuel (FEB).
Objetivo: estudo de questões do Livro dos Médiuns (LM) de Allan Kardec.
Roteiro: Meditação – Leitura da Questão – Curiosidades.
(Meditação sobre o capítulo 34-Desertores)
Reunião pública de 13-5-60
Questão LM nº 220, inciso 1,2 e 3.

Reencontrei um amigo de grande estima nas ruas de minha cidade.
Que prazer!
Um sorriso de alegria, um abraço de grande saudade e a pergunta padrão:

O que tem feito?
Está trabalhando em qual centro?

E a resposta foi desconcertante, porém cada vez mais frequente:

Estou agora na Igreja X. Virei evangélico. Lá é muito legal. Vou deixar o endereço contigo e eu faço questão de te ver lá.

E a conversa estendeu-se sobre as belas e virtuosas atividades daquele novo grupo.

A felicidade do meu irmão era patente.
E foi um encontro muito agradável.

Teria ele desertado?  Não!

Ele continuava em plena atividade, movimentando seus talentos em nome do Cristo, agora em serviço de uma casa e de uma doutrina mais condizente com seu momento espiritual.

Nesse capítulo, Emmanuel nos traz a visão da verdadeira deserção.

Daquele que aprendeu sobre o amor no Evangelho de Jesus, mas que o impede reiteradamente de adentrar nos seus interesses cotidianos.

Nos fala dos grandes dispensadores que atendem apenas aos que dispõe de numerário.
Dos que trancam o ensino popular e abrem cadeias. Dos que torcem a palavra evangélica em busca do dinheiro e do poder.

Da ciência em mau uso, dos desvios de verbas que atenderiam doentes e carências.
Dos que assassinam fetos e calam a fertilidade em busca do prazer insano e sem fim.
Dos que manipulam fármacos para lucrar na drogadição alheia.
Dos que se afundam no álcool, nas drogas e nos prazeres mórbidos.

Dos que fogem aos compromissos por mil recursos, deixando as horas escoarem vazias.
Dos que sabem como criticar, mas não movimentam o próprio conhecimento no construir.

Dos que acham que o mundo está ao seu serviço, desfrutando, sem nunca nada retornar, as grandes bênçãos recebidas.

Dos que se sentem desconsiderados, sem exame mínimo dos motivos alheios.
Dos que barganham com a vida através da caridade, doando poucas moedas que irão ‘salvar suas almas’, enquanto abarrotam cofres que despertam usura naqueles que apenas aguardam sua morte.

Os que condenam e amaldiçoam, ao invés de compreender e abençoar;
os que perderam a simplicidade e precisam de uma torre de marfim para viver;
os que se fazem peso morto, dificultando o curso das boas obras …“. diz Emmanuel.

Na verdadeira deserção, já tivemos nosso encontro ímpar com a doutrina do Cristo, mas decidimos por abraçá-la apenas quando nos for conveniente aos interesses.

Que possamos encontrar forças interiores para curar nossa alma chagada pela deserção. Mas que saibamos, ainda mais, guardar-nos na compaixão necessária aos irmãos que desertaram. Eles caminham seduzidos e alucinados pelo doce cântico das emoções e facilidades terrenas.

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Leitura da Questão: Livro dos Médiuns (LM)
CAPÍTULO XVII
DA FORMAÇÃO DOS MÉDIUNS
Perda e suspensão da mediunidade

220. A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões temporárias, quer para as manifestações físicas, quer para a escrita. Damos a seguir as respostas que obtivemos dos Espíritos a algumas perguntas feitas sobre este ponto:

Podem os médiuns perder a faculdade que possuem?

“Isso frequentemente acontece, qualquer que seja o gênero da faculdade. Mas, também, muitas vezes apenas se verifica uma interrupção passageira, que cessa com a causa que a produziu.”

Estará no esgotamento do fluido a causa da perda da mediunidade?

“Seja qual for a faculdade que o médium possua, ele nada pode sem o concurso simpático dos Espíritos. Quando nada mais obtém, nem sempre é porque lhe falta a faculdade; isso não raro se dá, porque os Espíritos não mais querem, ou podem servir-se dele.”

Que é o que pode causar o abandono de um médium, por parte dos Espíritos?

“O que mais influi para que assim procedam os bons Espíritos é o uso que o médium faz da sua faculdade. Podemos abandoná-lo, quando dela se serve para coisas frívolas, ou com propósitos ambiciosos; quando se nega a transmitir as nossas palavras, ou os fatos por nós produzidos, aos encarnados que para ele apelam, ou que têm necessidade de ver para se convencerem. Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas ambições, mas para o fim da sua melhora espiritual e para dar a conhecer aos homens a verdade. Se o Espírito verifica que o médium já não corresponde às suas vistas e já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de um protegido mais digno.”

*** Curiosidades ***

-“Eu não sou avarento! Sou controlado!“, nos dizia um personagem da televisão. Temos uma tendência muito forte de justificar nossas dificuldades. E acreditamos piamente na justificativa, mesmo quando ela contradiz nosso aprendizado evangélico. Ter consciência da direção e iniciar um novo caminho é 50% do grande de esforço de evoluir.

-Mesmo após sabermos quais são nossas ‘chagas na alma’, a mudança é lenta e nos exige grande esforço e fidelidade.  É como se nossos sentimentos não obedecessem nossos novos pensamentos. Nos diz Divaldo Franco que somos todos condicionados num jeito antigo de ser e sentir. O Centro Espírita nos dá oportunidade de “treinar” novos comportamentos, recondicionando MUITO LENTAMENTE nossos sentimentos.
Mantenha o esforço no bem e aguarda que esta luz te penetre profundamente!”.
(Amei esta frase!).

-Fiquei angustiado ao listar as ‘chagas’ apontadas por Emmanuel, principalmente por me identificar em algumas. Preciso sempre me perdoar, lembrando que a culpa deve me fazer caminhar e não me esmagar.

-Lendo uma revista sobre neurologia e dietas, o especialista alegava que as dietas funcionam mais prontamente quando unidas ao sentimento de culpa, mais do que com a paz. Isso porque o culpado se vigia e se cobra com maior intensidade, não se permitindo deslizes. Temos que aplicar sabiamente a culpa nos nossos jejuns dos velhos e viciosos hábitos!!!

8 respostas para 34-Chagas na Alma

  1. Marcel Amaral de Queiroz disse:

    Dei uma passada por aqui!
    BJOS!!!

  2. Adão de Araujo disse:

    Bom dia amigão Inácio! Excelente matéria! Dá muito o que pensar. Já me peguei jogando pedras em confrades que buscaram outras correntes de pensamento. Imaginei até alguma mudança em nossas atividades doutrinárias afim de evitar essas supostas evasões, (poucas, é verdade). Quanta ingenuidade de minha parte!
    Agora entendo, as verdadeiras evasões são as elencadas por Emmanuel e nelas quase todos nós, com raríssimas excessões, estamos incluídos. Relí todo o texto no livro “Seara dos Médiuns” e constatei que a lista das deserções é bem mais extensa. Portanto…
    Esta é só para descontrair: andas consultando livros de dietas Inácio? O ponteiro da balança tá te incomodando? O cinto da calça não tem mais furos suficientes? rsrsrsrsrsrsrsrs…
    Um abração e muito grato pelo texto, despertou para minhas evasões.

    • inacioqueiroz disse:

      Rsrsrsrs …
      Pela minha foto, dá pra ver que é uma luta de uma vida inteira contra a balança…
      E sabe o bacana? Eu percebia que tinha dificuldade de deixar o final da comida no prato.
      As vezes me incomodava até quando outros deixavam.
      Percebi então: ou eu já passei muita fome e isso me marcou ou eu vivi uma avareza intensa.
      Meditei nisso e guardei. Fui assistir uma palestra sobre TVP e a pessoa tem uma formação profunda e vivência em consultório.
      Falando sobre a questão sobrepeso, ela disse: muitas vezes a pessoa não consegue emagrecer porque teme faltar, fruto de uma avareza passada.
      Não preciso dizer que lembrei na hora das minhas reflexões. E lembrei do Chico: o que está a nossa volta, nós atraímos. O que não está, nós repelimos.

      Sobre religião, apesar de me angustiar com alguns grupos mais exploradores, eu sempre fui muito tranquilo sobre isso e gosto muito de ouvir certos pastores.
      É inegável que alguns conhecem mais os textos bíblicos que a grande maioria dos espíritas. Isso é um mérito.
      Fiquei encantado quando frei Leonardo Boff foi discursar num evento para o CVV, minha outra atividade voluntária.
      Ele é uma inteligência ímpar. E, como nos diz o Chico, devemos grande gratidão à Igreja Católica, berço do nosso ensino.
      E a Lutero por ter libertado o texto bíblico para o mundo.
      Obrigado por sua atenção, sempre presente!!
      Abração..

      • Adão de Araujo disse:

        Também gosto muito do pensamento do Leonardo Boff. Quanto ao Lutero, apesar de alguns desmandos, seus méritos são indiscutíveis. Já com relação aos pastores que decoram passagens da Bíblia, sinceramente, com todo o respeito, mas não vejo nisso “grande coisa”. O que eu gosto mesmo é de algumas músicas gospel, rsrsrsrsrs…
        Que bom saber que és voluntário do CVV. Eu também já fiz um trabalho interessante como voluntário: fui presidente por 2 anos do Conselho Comunitário de Apoio ao Presidiário. Quanto aprendí!
        Abraços e muita paz, Inácio.

      • inacioqueiroz disse:

        Nossa! Que bacana!
        Parabéns.
        Vamos aprender muito contigo, com certeza.

        Sobre os pastores, acredite: nem todos só decoram.
        Já vi sermão de Silas Malafaya e textos de Caio Fábio que são muito bons.
        Como em toda parte, tem aqueles que ficam presos no clichês e tem aqueles que fazem bom uso dos recursos.
        Nas lides espíritas encontramos este mesmo comportamento.

        Vc acredita que Lutero seja reencarnação de S.Paulo?
        Abração e obrigado pela atenção, nobre amigo Adão!
        (E feliz dia dos pais)

  3. Ricardo Salles disse:

    Excelente este estudo.
    abraço.
    Ricardo

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